No início do período republicano, os destinos da recém criada cidade de Uberabinha, foram entregues, até a década de 1920, a seis administradores: Augusto César Ferreira e Sousa, José Lelles França, José Teixeira de Sant`Anna, Severiano Rodrigues da Cunha, Alexandre Marquez e João Severiano Rodrigues da Cunha.
Major Augusto Cesar
Proclamada a República, foi o Sr.Augusto Cesar o primeiro Agente Executivo de Uberabinha. Como não havia nada feito, ele organizou as posturas municipais, o regimento interno da Câmara, o regulamento da instrução pública, até então em completo abandono, e o regime tributário. Foi todo o início de uma obra de construção. Assim, o Major Augusto Cesar demonstrou que foi correta a confiança depositada nele por seus correligionários.
No entanto, nem sempre foram de inteira paz os seus dias de governo. Os últimos viram sérias desarmonias no município, devido a intensa agitação política, entre o final de 1894 e início de 1895. Mas os problemas foram contornados sem maiores consequências, além de alguns dissabores.
Jurista e dado à cultura das belas artes, era o Sr.Major Augusto Cesar possuidor de excelentes dotes morais. A caridade predominava no trato com os desprotegidos e os miseráveis. Advogado de dedicação sem limites, desde Sacramento, de onde migrou para Uberabinha, esse traço inconfundível tornou-o, sobremaneira, popular.
Quando exercia o cargo de Deputado, conseguiu elevar Uberabinha à categoria de cidade.
Mesmo após sua morte, em meados de 1900, seus feitos e bom coração ainda eram lembrados pelos que o conheceram em Uberabinha, Araguari e Sacramento.
Vieram em seguida as administrações dos Srs. José de Lelles França e José Teixeira de Sant`Anna, subvertidas por contínuas perturbações da ordem, agitações políticas e que, por isso mesmo, quase nada puderam fazer.
Coronel Severiano Rodrigues da Cunha
Substituiu-os o Coronel Severiano Rodrigues da Cunha, considerado o mais popular chefe político do município no início do século XX. Era estimado pelos companheiros e respeitado pelos adversários políticos. Deve-lhe Uberabinha serviços inestimáveis, sobretudo em períodos de agitação política. Era de bom coração e odiava a violência, apesar de praticá-la quando absolutamente necessário.
Na medida de suas forças, melhorou a cidade e o município sob o seu governo. Construiu uma estrada até Morrinhos, passando por Abbadia de Bom Sucesso, pontal dos rios Paranahyba e Corumbá, o Cemitério Municipal, o Matadouro, pontes sobre os ribeirões de Panga e Douradinho, no distrito de Santa Maria, além de reconstruir a ponte sobre o rio Uberabinha.
Major Alexandre Marquez
Coronel Severiano teve, no Major Alexandre Marquez, o substituto legal. Foi o venerando ancião o iniciador dos grandes e numerosos melhoramentos que tornaram Uberabinha o segundo município do Triângulo Mineiro e um dos mais prósperos do estado, na época.
Construiu as primeiras sarjetas para os passeios da cidade, realizou a primeira canalização de água potável empregando uma roda hidráulica, efetivou o contrato de energia elétrica com a firma Carneiro & Irmãos, construiu uma ponte sobre o Estiva em Santa Maria e realizou, junto ao Governo do Estado, empréstimo de 180 contos, para obras de melhorias no município.
Deixou o governo municipal aplaudido por todos, que viram em sua administração o esforço do homem público voltado para as exigências do momento histórico pelo qual o povo e a cidade passavam
Dr.Rodrigues da Cunha
Alexandre Marques foi substituído pelo farmacêutico Dr. J. S. Rodrigues da Cunha. Moço, educado nos grandes centros do país, cheio de justas aspirações, destacou-se de modo inconfundível dos que o precederam desde os seus primeiros passos na vida pública.
Entrou sem temor pelo caminho das reformas e melhoramentos inadiáveis. Para servir ao município foi inteiramente cego a antipatias pessoais ou imposições emocionais. Administrador na melhor acepção da palavra, fez-se respeitado e admirado até pelos que lhe eram hostis.
Rodrigues da Cunha elevou as rendas municipais de pouco mais de 50 contos a quase 250 contos. Contraiu empréstimos com o Governo Estadual e assim, pode completar os serviços de água potável à toda a cidade, construir a rede de esgoto e pagar dívidas antigas sem, contudo, se esquecer das novas. Procurou melhorar em muito a instrução pública primária. Subvencionou colégios, melhorou estradas e pontes e dotou o distrito de Santa Maria de melhoramentos inadiáveis.Nenhum esforço particular desconheceu sua boa vontade, sempre prestigiada por uma Câmara que via nele, com orgulho, o homem do momento. Deve-se a ele, ainda, os suntuosos predios da Camara Municipal e do Fórum, dois melhoramentos sempre reclamados pela cidade.
Segundo relatos da época, “voluntarioso e forte, deixa, depois de tantos anos de serviços, lugar entre seus pares dificílimo de ser preenchido, venha seu substituto do lado amigo ou das hostes que o combatem. Trabalhou sem descanso e conhecerá, à penumbra, noites de insonia e contrariedades de toda ordem.”
Inspiração: livro “Município de Uberabinha – 1922”, editado pelo “Estado de Minas Geraes” em junho de 1931
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